quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

É natal, é natal...

Todo fim de ano começa tudo de novo: boas festas, é natal! Aí, os programas de televisão mostram o seu ar de esquizofrenia que corre léguas de distância do mundo real. As lojas e o comércio mostram sua avidez por dinheiro de forma mais renitente ainda. As propagandas tentam lhe convencer de que tudo está bem e "que todas as pessoas são felizes", quem me dera acreditar...

Tudo é apresentado de forma tão maravilhosamente improvável que, no fim das contas, acreditamos que nos tornamos melhores neste breve período do ano. Então, virtualizamos o mundo concreto: mundo provido de intolerância, medo, violência nas ruas, no trânsito, nas esquinas da vida, sob sol que queima a cuca legal de pessoas do mundo todo e do Brasil, vixe! Nem se fala...

Será que as pessoas que pedem nas ruas, que dormem nas ruas acreditam nesse mundo maravilhoso apresentado no natal? Será que as crianças que passam fome e que "não têm mais direito a nada" acreditam em papai Noel? Será que o bom velhinho passa lá? Será que os excluídos de dígnos salários, de saúde pública respeitável e de uma educação gratuíta que possam levá-los a uma real libertação acham que o natal é tão fantástico assim? Ou será que o natal é somente uma imaginação bem imaginada apontando direto pelos burgueses e para os pseudo-burgueses ou pseudo-pseudo-burgueses (como eu)?

Todo mundo se traveste de bonzinho, mas esquece que a bondade deveria ser um padrão constante em todas as pessoas (no mínimo deveria ser perseguida o tempo todo). E essa bondade não necessariamente precisaria ser aquela quase angelical do natal, mas sim, uma bondade holística que fosse crítica o suficiente para respeitar as diferenças, as minorias, o planeta e sua preservação mínima, que pudesse aceitar o limite alheio e o próprio afim de que fosse possível uma vida mais branda e leve - sem tantas mortes estúpidas e imbecis como vemos todos os dias e sem tanta usurpação vampiresca dos que estão lá em cima para com os que estão lá embaixo da cadeia alimentar humana. Afinal, "o de cima sobe e o de baixo desce", e não precisava ser mais assim.

Mas, no natal esquecemos nossos males e desigualdades. Vamos sendo levados pelo ideal consumista das mídias que ganham muito dinheiro com essa coisa toda (salve os inventores da fábrica de alienações de consumo que tão bem o capitalismo se apropriou). Por que não buscamos o bem e o bem dos outros de forma honesta e verdadeira o ano inteiro (um eterno natal de sentimentos)? - começando na política, nas famílias, na espiritualidade sem segundas intenções, no trânsito, nas fábricas, nas escolas, nas ruas, campos e construções. Já que o tempo não pára, desejo bons ventos a todos, todos os dias e em todos os anos, e não somente no natal. Seria muito bom se consumíssemos doses cavalares de compreensão, de paz interior, de paciência com o outro, de respeito ao que nos faz vivos, de honestidade e do mais alto, duradouro e verdadeiro amor pelo próximo e pelo universo que nos abriga tão gentilmente.






sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Literatura de Cordel: um caminho fértil para o processo de ensino-aprendizagem

LITERATURA DE CORDEL NA EJA
Veridiano Maia dos Santos – E. M. P. Amadeu Araújo/SME
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Introdução

O Projeto Literatura de Cordel na EJA foi desenvolvido entre 2008 e 2009 durante as aulas de Arte em turmas de nível III na escola Municipal Professor Amadeu Araújo. Esse tipo de literatura foi trazia para o Brasil pelos portugueses e ganhou importância singular na cultura popular brasileira, sobretudo na região nordeste do país. Advindo do romanceiro europeu, aborda histórias de cavalarias, heróis, reis, lendas e mitos. No Brasil serviu como fator de divulgação de notícias, contos populares, denúncia de abusos da política e reflexo da dura situação social do nordestino (sertanejo, especificamente) em forma de poesia popular.
Com sua linguagem simples, musicada, imagética e pautada em estruturas de rimas populares organizadas em estrofes como quadras, sextilhas, sétimas e décimas, a literatura de folhetos ou de cordel é uma ferramenta pedagógica riquíssima para os alunos da EJA em relação ao seu aprendizado sobre a cultura popular brasileira e o seu desenvolvimento quanto à percepção estética de uma manifestação popular artístico-cultural que é importantíssima na construção cultural do Brasil.
Palavras-Chave: Literatura, Cordel, Arte, EJA, Ensino, Aprendizagem.

Objetivos

- levar o aluno a apreciar e conhecer a linguagem da poesia popular de Cordel como elemento cultural significativo na formação do povo brasileiro;
- mediar a criação e construção de histórias em formato de cordel pelos alunos da EJA.

Caminhos Metodológicos

O projeto foi desenvolvido durante as aulas de artes das turmas de nível III da EJA da Escola Municipal Professor Amadeu Araújo entre 2008 e 2009. O processo se deu da seguinte forma:
1º A literatura de Cordel foi toda contextualizada – os alunos descobriram que esse tipo de literatura popular surgiu na Europa e veio para o Brasil através dos portugueses,
disseminando-se principalmente na região nordeste do país, tornando-se um dos pilares culturais mais importantes do povo nordestino;
2º Leitura de cordéis – algumas histórias em cordéis foram lidas em sala de aula compartilhadamente. O importante era que os alunos tomassem contato com folhetos, lendo histórias populares em vários temas, tais como: histórias sobre cangaceiros, mitos sertanejos e comédias;
3º Estrutura e temas – a partir do contato com o cordel, os alunos puderam conhecer um pouco mais sobre a estrutura de escrita do cordel (rimas e estrofes). As principais estrofes trabalhadas foram as quadras (estrutura de rimas ABAB e ABBA) e sextilhas (estrutura de rimas AXBXCX), mas também sétimas e décimas foram mostradas como exemplos.

Exemplo de quadras:
Eu sou cabra do sertão (A)
De povo trabalhador (B)
Da seca e da nossa dor (B)
Tiro da terra  o meu pão (A)

Exemplo de sextilhas:


Chover*

Sabiá no meu sertão (A)
Quando canta me comove (X)
Passa três meses cantando (B)
E sem cantar passa nove (X)
Porque ele é obrigado (C)
A só cantar quando chove (X)
* Adaptação de poesia do Cordel do fogo Encantado

4º Criação de cordel – os alunos foram levados a criarem histórias em formato de cordel. Optou-se pelo formato sextilha por ser de melhor composição para a estrutura de rimas e contação das histórias. Os temas foram sugeridos para os alunos foram: a cidade do Natal; o bairro onde a escola está inserida; a EJA da Escola Municipal Prof. Amadeu Araújo; a família; religião; juventude. Toda a construção dos cordéis foram orientadas em sala de aula e as histórias deveriam ter no mínimo dez estrofes.

Resultados

O resultado do projeto foi a publicação de um folheto de cordel reunindo os 16 trabalhos mais consistentes de alunos das turmas de nível III entre os anos de 2008 e 2009. O referido livro foi lançado no II SEDIP.

Conclusão

A linguagem da literatura de folhetos ou cordel é uma ferramenta cultural muito forte e serve como um meio de compreensão da cultura popular e como forma de aprendizado acerca de vários temas por ela abordados: política, sociedade, mitos e lendas, denúncia social, humor, dentre outras. Esse tipo de literatura pode conduzir a outros desmembramentos pedagógicos e interdisciplinares, por ser ela muito imagética e musical. Enfim, pode ser uma forma de levar os alunos da EJA a trabalharem melhor a questão da leitura, da escrita e desenvolverem a sensibilidade estética a partir dessa manifestação artística e cultural que popularmente e chamada de cordel ou folhetos.

Referências

TAVARES, Clotilde. Literatura de Cordel. UFRN, 2001.
MELO, Antônio Francisco. Dez Cordéis em um só. 5ª edição, Editora Coqueiro;
http://culturanordestina.blogspot.com/2007/09/proseando-sobre-cordel.html, setembro de 2009;
http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_de_cordel, setembro de 2009;
http://www.cordelon.hpg.ig.com.br/historia_cordel.htm, setembro de 2009;
http://www.arteducacao.pro.br/Cultura/cordel/cordel.htm#M%C3%A9tricas%20do%20cordel, em 25/10/2011

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A gestão da prefeita Micarla de Souza está cada vez mais embrulhada. O MP já entrou com ações por irregularidades na Educação e na Saúde. A desgraça é que nosso legislativo municipal é pelego, no mínimo, conivente com essa gestão atabalhoada e pelo visto, com indícios fortes de irregularidades administrativas, como se pode ler na Tribuna do Norte.
Os sevirdores municipais não estão recebendo o que lhe é devido nas respectivas datas do calendário de pagamento. Em relação aos vales transportes, há o desconto, mas não há os créditos nos cartões de passagem. O bom (ou mal) é que o sindicato não se movimenta (falo especificamente do sindicato dos profissionais da educação). Se o vale transporte não chega ao servidor e mesmo assim em seu contra cheque há o desconto, no mínimo existe má fé por parte da gestão municipal (no popular: sacanagem braba!!!).

Enfim, estamos em dezembro e ainda temos que aguentar essa gestão por mais 13 meses. Espero que o eleitor natalense tenha aprendido a lição e saiba votar daqui pra frente. Não escolha seus governantes por serem bem comunicativos, usarem eficientemente o marketing político e enganações eleitoreiras. Espero que se aprenda a escolher os seus representantes por currículo limpo, experiência, um bom projeto para a cidade e capacidade administrativa. Próximo ano a população terá a chance de se redimir com ela mesma.

Mas, não precisamos de MP apontando os erros da gestão da borboleta para desaprovar completamente essa gestão: está à vista de toda a cidade; no rosto da população e na vergonha de quem votou nessa senhora. Contudo, maravilha que o PARQUET está agindo em defesa do povo e da cidade.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Letrinhas


DO ESCÂNDALO DA VIDA – VERIDIANO MAIA/JULIO LIMA
Quem clarificou tua inocência
E te fez impuro noutros campos?
Não sabe mais por onde seguir
Teus sonhos infantis
Quem mistificou tua saudade
Daquelas tardes de alma fria?
Não sabe mais como invadir
Os cantos dos outros

Alguém te vê passar...
Sem comentários ou augruras
Ninguém quer mais estar...
Em tuas novas desventuras!
Quem tem amor pra dar
Ou que empreste uma fagulha
A essa mesma criatura
Que amor ao mundo renegou!

Quem enlouqueceu tua miniatura
De homem varrido da vida?
Não tem mais aquela mulher
Que tanto amor lhe deu
Quem se desvencilhou de tua pele
De macho forte e lutador?
Não sabe mais a idade que ainda tem
Pois já viveu e já morreu demais.


 
OUTRAS BRIGAS – VERIDIANO MAIA
Eu te livrarei do drama se você
Decidir que esta dama não vai ser
Seu relicário de paixões mal resolvidas
O seu depósito de desilusões e outras brigas

Meu inferno é pensar que nosso amor
Foi descendo uma ladeira...
...Controvertida
E que uma outra vida, outra senhora esbarrou
Em seu peito apaixonado, agora
E eu fui, aos poucos, sendo substituída...
Em seus braços, seu pedaço, sua vida

Eu te libero da sina de me ter
Se o meu agrado não mais preencher
As lacunas que enchem de vazio
Tua alma - prometida - nas minhas noites de frio...

Eu perdôo sua falta em minha cama
Se está feliz com aquela outra dama
Mas não peça para me arrepender de nós
Quando a solidão ti me chega tão atroz

Meu inferno é pensar que o nosso amor
Foi descendo, foi descendo a uma dor
Sem fim...em mim!!!
Em mim sem fim! E só ela sobrou...


MAIS UM DEZEMBRO – VERIDIANO MAIA
A minha vocação
É ser melhor do que o seu ‘não’
A minha sensatez é ser um louco
De cada vez um pouco
A minha ambição é desmedida
É descabida a minha metrificação
Poética do amor
Sem ética eu sou quando quero você.

A minha informação mais precisa
Não chega sequer a dobrar a esquina
Lá fora, agora, o mundo é ‘menos eu’
Eu beijo a aurora do dia que seu
Mas não me demora, espero você
Dizer que é hora de se esconder de tudo
Do perigo absurdo que é se perder
Por aí...

A minha força vem dos meus delírios
Quando penso que estou contigo
A minha vastidão não chega ao horizonte
Distante, impossível, à frente, perdido
Onde mora você, onde está, cadê?
Não lembro
Mas tenho
Um outro dezembro vazio
Comigo e esse som!

Livro de poesia: Na bacia das almas

NA BACIA DAS ALMAS, O SEGUNDO LIVRO DE POESIA DE VERIDIANO MAIA DOS SANTOS, ABORDA POEMAS SOBRE A CIDADE, SUA CONCRETUDE E SEUS SIMBOLISMOS...