Vou com destino ao sertão
Em tempo de invernada
Que quando é a seca amarga
Não tenho disposição.
A serra se aproximando
Logo, logo eu chego lá,
À cidade, no interior, adentrar,
Logo, logo tô chegando.
Visitar no fim da tarde
Uma fazenda do sertão
Contemplar seu casarão
Aviva a alma sem alarde.
Em frente à casa, o meu cão
Guarda a paz a me encontrar
Sem nada a lamentar
Da sua nobre função.
Pé cansado de andar
Reclama espreguiçadeira
Ou mesmo uma velha cadeira
Pra um bom café tomar
Entrando na fortaleza
Atijolado é o meu chão
Do lado à sombra o oitão
Que me carrega a tristeza
Água frienta num pote
Misturo água e sal
Pouco pra não passar mal
Pra completar o meu mote.
E ajeito o meu fogão
Para poder cozinhar:
- feijão após debulhar
De gosto igual não há não.
Modernidade aqui tem!
Vê-se a brecha do mundo
Amplo, bonito e profundo,
Lembre-se disso também.
Paisagens do meu sertão.
Brilha o sol desse curral
Que prende o bezerro mal
Que faz ‘estripulação’.

Curral prende de antemão
Em seu espaço, o destino,
Do vaqueiro nordestino
Anônimo e sem um tostão.
Em tudo ao seu redor
Quando o tempo lhe comove
Sorrir quando o tempo chove
Mas, só deixa ao virar pó.
Cercado de seu penar
Que como arame farpado
Se amarra e corta o danado
Dos augures do lugar.
Lodo se forma no açude
Verde lodo do sertão
Que com a serra, amiúde,
Faz mais bela fundição!
Que a pedra rompe e o levanta
Movendo tudo afinal
Empinado ao azul celestial
Que nem cardeiro, planta santa!
Meu filho com o olhar debruçado!
Cheio de contentamento
Retrata o isolamento
Do que fora pra trás deixado.
Perto daquele puleiro
Que guarda a noite e as galinhas
Olhado pelas cabrinhas
O anoitecer ligeiro.
Na penumbra da noitinha
Correndo pra se abrigar
No juazeiro chegar
Do frio que se avizinha.
Despeço-me do sem igual!
Sertão que me é querido
Dele não fico esquecido,
Mas volto pro litoral!!!
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