terça-feira, 10 de abril de 2012

Trânsito em Natal


Trânsito natalense: caos e negligência da administração pública.

                A cada dia fica mais difícil transitar pelas ruas e avenidas de Natal: seja em ônibus, carro, motocicleta, bicicleta, carroça ou a pé mesmo. E a capital potiguar é pequena em referência às grandes e extensas capitais do Brasil, tais como: Rio, São Paulo, BH, Recife, Salvador. Mas, tudo aqui está virando um caos completo e generalizado em relação ao trânsito. A bem da verdade, o caos em Natal está posto em quase todas as esferas da vida social, política e administrativa desta cidade, que um dia, fora bonita e tranquila. Hoje ela é insegura, feia, mal organizada, que presta serviços básicos à população de forma duvidosa (muito duvidosa!), de forma insuficiente, e, claro, mal administrada, como todos podem perceber.
                Mas, voltando ao trânsito, após a estabilidade e crescimento econômico do país nas últimas décadas e também devido às recentes crises externas e com políticas internas de favorecimento ao consumo exagerado no setor industrial de automóveis, com reduções de impostos e facilitação do crédito, fez com que ocorresse um verdadeiro ‘boom’ nas vendas de carros e motocicletas que explodiram de forma assustadora. Ao invés de políticas públicas que viabilizassem a qualidade no transporte coletivo, incharam as cidades com os chamados carros de passeio e motocicletas - Natal não ficou alheia a isso, que foi tomada e é, a cada dia, de mais e mais carros e motocicletas – lojas especializadas pipocam por todos os lados (salve as oportunidades de negócios!). Na capital potiguar quase inexistem vias exclusivas para o transporte coletivo. Como os condutores deste tipo de transporte são mal educados no trânsito, desrespeitando a tudo e a todos, o ‘nó’ se instaura a cada 100 metros no trânsito natalense pra tudo que é lado – não há mais ponto de fuga nas vias da cidade. Claro que nós motoristas e pilotos não ficamos tão distantes daqueles condutores em termos de má educação no trânsito – muito pelo contrário.
                É claro que no capitalismo de mercado todos têm direito a bens (e nisso incluem-se os automóveis), mas nos falta projetos de mobilidade urbana que favoreçam a fluidez do tráfego, apesar do aumento da frota e em Natal isso fica muito evidente. Apesar do anúncio da copa, pouco se vê a concretude de projetos para a melhoria e agilidade do trânsito até agora. Além de não haver obras pertinentes à melhor adequação do trânsito de forma eficiente, as ruas e avenidas vêm num processo gradual de deterioração com manutenção aquém do necessário. Hoje em dia, eu desafio alguém a me mostrar alguma via pública que não esteja esburacada, apertada, mal conservada e/ou mal remendada em Natal. As ruas e avenidas da cidade são dignas de rally de aventura (bom para as oficinas mecânicas). Os competidores seriam todos os usuários do tráfego natalense. Como pode uma cidade ter, sucessivamente, gestões no mínimo tão negligentes? A atual bate todos os recordes de audiência em relação à inoperância da gestão pública competente; mas as gestões passadas também não foram tão maravilhosas assim: faltou e faltam planejamento e realizações de obras que pensem estrategicamente o futuro da cidade quanto ao trânsito.
O transporte coletivo é falho pra não dizer coisa mais desagradável. Inocentemente, desconfio de que existem empresários financiadores de campanhas eleitorais que tomaram a concessão pública do transporte público como algo privado e dominaram os gestores do governo municipal (tanto no executivo, quanto no legislativo). A qualidade do serviço que se dane, o lucro é o que importa. Será? A população que utiliza esse tipo de locomoção é achincalhada, desrespeitada de forma tal que se poderia criar uma revolta ideológica contra a ingerência pública que ignora tal população (greve geral enquanto não houver transporte coletivo qualificado – ô, utopia!). Isso não é de agora. Podemos dizer que nos últimos vinte anos é assim: o povo cada vez mais esquecido, exceto em tempos de eleição, óbvio! Vide a população da Zona Norte, por exemplo! A forma como essa parte da população natalense é menosprezada é lamentável. Parece que a ZN só é lembrada de quatro em quatro anos.
O transporte particular cresceu quantitativamente de tal maneira que, sem reformas e planejamento para as vias, estas não aguentam mais a demanda que aumenta em proporção geométrica. Vamos aos exemplos:
- a BR 101, entrada sul de Natal, é um caos no começo da manhã e no fim da tarde: poderes públicos das três esferas articulem-se, a coisa está complicada demais (dá pra recuar a parada de ônibus de Neópolis – sentido Parnamirim/Natal – para desafogar aquele trecho, pelo amor de Deus?!), quando sairá um túnel ou viaduto na entrada para Nova Parnamirim? Cadê nossos deputados federais e senadores? Vamos trabalhar um pouco para o bem do povo, esqueçam seus interesses particulares vez enquando;
- a Avenida Bernardo Vieira é ridícula, indo e voltando: estreita, travada e perigosa; é difícil pensar alternativas para a Hermes da Fonseca e Prudente de Morais? Que tal uma vai e outra vem, como dizem lá em ‘nós’. Contratem verdadeiros engenheiros de trânsito e coloquem nas secretarias correlatas profissionais que entendam tecnicamente da coisa e não aliados políticos aluados em relação ao trânsito – e a “otras cositas mas”;
- na Zona Norte a coisa é mais complicada ainda e a Roberto Freire e Ayrton Senna também são terríveis porque, com a mesma estrutura, comportam um fluxo de automóveis há duas décadas, hoje a coisa mudou (já perceberam?).
Não falo nenhuma novidade aqui. Todo mundo sabe o quanto é nevrálgico que a administração pública pense, planeje e ponha em prática soluções para as vias públicas de Natal e suas demandas. Enfim, estou repetindo reclamações que todos que moram em Natal conhecem bem: o trânsito aqui degringolou de vez. Este tosco desabafo precisava sair de mim – não posso pagar analista com meu parco salário de professor da educação básica. Pode parecer ridículo reclamar, mas precisamos fazer isso mais vezes: todos nós que pagamos impostos exorbitantes; nós, que sustentamos políticos que administram mal nossa capital, especificamente. Esse ano é de eleição, precisamos cobrar seriamente dessa horda de ‘profissionais politiqueiros’ que se oferecem abnegadamente a “servir a população”, porque ou trabalham para a qualidade de vida do povo natalense ou pedem penico e caem fora!  



* imagem: internet: potiguarbus.blogspot.com 

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