quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Quem sou eu para saber?



Não sei do propósito de Deus

Sou um sujeito de qualidade mediana e de capacidade de pensar a existência, míope. Pouco sei até de mim, muito menos de toda a obra universal, pluriversal, multidimensional que imagino seja a construção contínua do ser onipresente, onipotente, onisciente, do qual em muitos e muitos lugares e tempos chamam Deus. Dada as minhas limitações infinitas próprias do humano, eu não consigo vislumbrar o que é o propósito de Deus de maneira pedante. Sou humilde para tal feito.
Admiro os seres humanos, neste planeta, que têm a capacidade absoluta de entender e explicar Deus com verdades absolutas. Acho que essas pessoas são iluminadas e diferenciadas; beiram a perfeição. O que, realmente, nem de longe, é o meu caso. É muito interessante ver e ouvir alguém dizendo o que Deus quer. Talvez eu não tenha muita leitura ou muita meditação sobre o assunto. Leio pouco a Bíblia Sagrada cristã; não sei interpretá-la como deveria saber. Outras escrituras sagradas de outras culturas eu não sei quase nada. Posso somar essa falha a minhas contas pecaminosas e ignorantes das quais eu ainda precise prestar explicações.
Não imagino que em uma obra tão complexa como é toda a vasta e múltipla criação divina, não exista somente uma forma ou uma maneira de servir ao propósito de Deus.
Penso, cá com meus botões, que serve ao propósito de Deus aquele que pensa o bem, que pratica o bem (embora o sentido de bem possa variar a depender da época, cultura, sociedade...); acho que serve a Deus o padre, o pastor, o médium, o rabino, o pajé... Desde que seja ele ou ela quem for, onde for, o faça com devoção, com amor, com ética, solidariamente, sem um desejo pessoal ou de grupo que seja pouco ético ou egoísta por trás da ação de ser quem é e se diz ser; acho que serve ao propósito de Deus quem exerce sua profissão com o intuito de ajudar na evolução e paz dos homens e das mulheres ao redor (seja doutor ou analfabeto); acho que serve a Deus quem ajuda e pede ajuda; imagino que serve a Deus quem constrói e cuida de suas famílias e amizades com zelo, com amor, com honra, com honestidade; acho que serve ao propósito de Deus quem luta para que diminuam as injustiças humanas, a fome, a prepotência, as mazelas na Terra que nós mesmos criamos (seja rico ou pobre, preto ou branco, velho ou moço...); acho que serve a Deus quem contribui para a evolução humana no dia a dia cruel de nossas vidas corridas e incertas; acho que serve ao propósito de Deus quem consegue dar amor, carinho, um sorriso, uma palavra amiga a quem não conhece e a quem conhece; imagino que serve ao propósito de Deus quem não carrega consigo o rancor, a raiva, o ódio pelos outros humanos e/ou pela natureza ao seu redor...
Desconfio que sirva ao propósito de Deus quem consegue ser tolerante com o sentido que o outro dá ao modo de entender tudo que pode em relação ao infinito de conhecimentos que existem, mesmo sabendo de suas limitações humanas. Cada pessoa tem uma história, uma alegria, uma tristeza, uma aprendizagem, a falta de outra... Não consigo imaginar alguém superior a outro alguém: se sobra nisso, falta naquilo e vice-versa. Quem tem sensibilidade de tentar se colocar no lugar de outra pessoa sem querer usurpar ou atropelar as autonomias e legitimidades de direitos humanos que todos têm, penso que desenvolve outra forma de servir ao propósito divino: seja o mais fervoroso dos devotos dentro de uma dada religião/crença ou até mesmo um ateu de boa-fé (contraditório? É! Mas, somos como estamos e assim é que vamos adiante e numa sempre espiral do tempo e do espaço).
Como disse, não sei direito de nada porque não tenho comigo verdades absolutas por não ser o dono delas. Sempre temos a culpa de todos e todos puxam o fardo de nossa fraqueza. Duvido de minhas tristezas e alegrias porque sou relutante e reflexivo e sempre tento analisar se realmente posso ser capaz de escolher o melhor caminho (e se escolho). Não desejo mal a ninguém. Nunca ninguém me decepcionou pelo simples fato de carregar comigo a sensação de que pessoas podem ser falhas (todos nós). Dá pra desculpar de corpo e alma (e temos os dois, alimentemos ambos, então, coletivamente e individualmente). Dentro das minhas oscilações e debilidades tipicamente minhas, tenho quase certeza de que quem tem a convicção de que tem a verdade absoluta consigo, encontra-se equivocado (a). A certeza é o preço do engano.
Costumo cultivar sonhos, sorrisos, ansiedades, melancolias, dores minhas e dores causadas por toda nossa brutalidade humana (tão ignorante), alegrias próprias e de vitórias alheias. Talvez, seja também uma forma de servir a Deus, o cultivo de boas energias e de fomento aos sorrisos variados e ao desejo por enxugar lágrimas noutros rostos (sempre inevitáveis a todo ser humano).
Quando penso e sinto Deus, não imagino que Ele ou Ela aja ou seja do meu jeito de compreender o todo que nem sei vislumbrar ainda. Não sou tão prepotente assim. Mas, do jeito que qualquer um possa pensar e sentir esse poder dentro de suas crenças e de seus corações. E assim sendo, não consigo apalpar que o propósito d’Ele seja de uma só metodologia, mas de várias porque vários e diferentes são seus filhos e filhas espalhados por toda a sua arquitetura. Não sei se estou certo porque como citei antes, tenho uma capacidade mediana, inteligência míope e não tenho sequer como querer taxar o propósito de Deus de forma definitiva e irrevogável. Sou só um humano morando de favor numa de suas infinitas moradas. Ainda falta comigo muita evolução e muita estrada para caminhar para poder merecer...

 Veridiano Maia

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Minhas algumas inhas... Umas por vez!

Quem?
Quase sol, mas deixou eclipsar...
Quase lua, mas sem já alumiar...
Quase nada, mas criou o que ainda há...
Quase tudo, mas sem nada no lugar...
Quase vento, mas não se pôs a soprar...
Quase gelo, mas até veio a queimar...
Quase fogo, mas sem nunca fumaçar...
Quase seco, mas quis lacrimejar...
Quase chuva, mas sem gota pra molhar.

Era belo no meio de uma feiura...
Era esmero quedado ao que é descuido...
Era flor, mas só lhe faltava o galho...
Era espinho que nunca pensou ferir...
Era hoje que não tinha mais presença...
Era amargo embora, enfim, fosse doce...
Era embargo e não mais se declarou...
Era noite que não trazia o luar...
Era dia não mais nublado de sol.

Quis ser pedra e então amoleceu...
Quis ser brasa, mas o degelo esfriou...
Quis ser louco dentro da normalidade...
Quis ser dentro quando fora fez morada...
Quis ser muito e quis ser pouco também...
Quis ser menos, multiplicando a soma...
Quis ser lã quebrando cacos de vidro...
Quis ser fã se esquecendo do ídolo...
Quis ser outro num espelho distorcido.

Quase um, quase dois, quase ninguém...
Era meio, parte do que é inteiro em alguém...
Quis ser brando na tempestade que tem.
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Andares meus do meu andar sofrível
Em andares de sentimentos e desconhecimentos
Construídos e desconstruídos em minh'alma
Andares circulares dos meus círculos imersos em contradições
Circulares de movimentos obtusos e pendulares
Que entre pólos circunscritos em mim
Doravante e sempre sobem e descem nos andares meus!

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Nem que toda aldeia fosse o universo inteiro
Entre muros e rebentações
Nem que idílicas ilhas se ancorassem às pontes
Entre linhas e suas bifurcações
Nem que isso estivesse no oposto daquilo
Entre marés de polo a polo de inversões
Eu deixaria de estar envolvido
Nos oceanos de minhas contradições.


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Soneto alegre

Crepito, irrito, e aflito disparo meu veneno
Amparo a quem embaraça as ilusões
Teço um fio imaginário, turvo, mas sereno
Numa vida que nunca estabeleceu padrões.

Quem desce a si mesmo não se esmaece
Mas, disputa uma guerra sem vencedores
De todos, excêntrico, quase se esquece
E apaga embevecido todos os pudores.

Reflexo de mim, espelho da alma
A angústia, que nunca me foi amiga
Irrita minha solene e altruística calma.

Que em tudo, desola-se trêmula e ferida
E aflita, crepita e espelha o trauma
Que permeia, endógena, a sôfrega vida.


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Escrevo meus poemas como quem salta pecados
Discorro meus dramas em sorrisos baratos
No momento das apresentações...
O prazer pode ser apenas uma incerteza!

Não há lugar vulgar, com preços módicos
Que eu não goste
Consigo transitar bem
Mas, somente, entre aqueles que desperdiçaram suas chances

Tenho debilidades amorosas
Que me chegam sem notícia de aviso prévio
Sou surpreendido de quando em vez
Pelo perigo do abismo que saltei - mas que está lá:
Chamando-me de vagabundo

Escrevo minhas crenças em linhas amargas
Das descrenças que me encerrei
Salto arranjos e esqueço frases de efeito
A assim, balbuciando frágeis alegrias
Escrevo meus poemas como se fosse um lorde.


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QUASE SEMPRE

levantar antes de deixar cair 
devagar insistir em ir em frente 
seria bem mais prudente melhor que o riso daquilo que não sente
diria o choro: - sou eu, presente!

e ela diz que vive querendo ir devagar quase sempre 
sem tempo nem pra chorar, quase sempre

dissolver os nós do ego que há em nós 
e perceber o lastro de estar no ser carente

seria se ausentar dormente 
pior que o medo daquilo que não entende 
diria a coragem: - sou eu, inconsequente!

e ele cala que morre querendo não ir quase sempre 
sem tempo nem pra sorrir, quase sempre

levantar devagar pra não cair 
insistir prudente quase a sorrir

não vai chorar ou vai sentir querer 
mesmo a coragem tem medo de também não ser 
estar, dizer: lá vamos nós!
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O recanto parecia tão pequeno que no escuro acomodava-o.
E ele quando se agachava em seu recanto se sentia mínimo diante do universo em expansão.

Tudo girava ao seu redor como é conveniente girar.
Somente naquele recanto é que o estático estatuado permanecia parado, calado, escondido.
Ouvindo o som, o barulho...

Todos gargalham suas distorções e suas idiossincrasias absolutas.
Ninguém sabe o que acontece no lado secreto da província da alma do outro.

E se o recanto for bem recatado e o escuro que lhe cobre, discreto...
O som não chega e reina o silêncio desesperado com seu barulho infindável.
_______ 
Estrada!

Não digo que seja difícil, mas fácil certamente não o é,
Não à condenação, mas absolvição sem merecimento, não.
Caminhar, caminhar, caminhar...
Do início pouco sei e menos ainda do fim,
O que me interessa mesmo é o mistério que vem com o meio.
Caminhar, caminhar, caminhar...
Ser cais, ser mar, ser tempestade, ser brisa...
Nada ser – tudo estar! Construir, transformar, melhorar, insistir.
Caminhar, caminhar, caminhar...
Entre uma alegoria e outra, entre a pedra e a pluma,
Observar atentamente aquilo de que pouco ou nada sei.
Caminhar, caminhar, caminhar...
Do que me é caro e raro – saber instruir-me à gratidão da honra de ter,
Do que me é dolorido e falho – saber entender corajosamente.
Caminhar, caminhar, caminhar...
Até que tudo venha a parar com o som do silêncio,
Sem tempo, sem medo, sem andança, no doce segredo da paz.
Retornar! Recomeçar! Alcançar! Amar!
Caminhar, caminhar, caminhar...
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INUSITADO 

Que seja tudo como tem de ser, quando se quer o estar (ter)
Mesmo sem querer ou saber
Que seja ventania, calmaria, brasa e gelo...
Sensação e apego
Que traga a paz na brisa da noite, na força do mar!
Desejo e certeza
Que seja terra, ar, vento, água, fogo e amar.
Pureza e intenção
Que façam uma prece e se apresse:
Aos ventos que surgem de todos os nortes
Que tragam aquilo que não sei que quero,
Mesmo querendo infinitamente, sem querer...
Que seja o que dure, o que pare, o que cale e mesmo assim
Que faça o maior carnaval!
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Ontem, o caos;
Hoje, a calmaria;
Amanhã, o outro dia do outro dia de ontem e de hoje;
Esse sobe e desce;
Esse apequenar e crescer;
Caminhos, paradas, setas que apontam o que mesmo?
Essa gangorra chamada vida, às vezes, deixa-me tonto...
Às vezes!
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Digam que vivi no tempo da barbárie;
No tempo em que poucos usurpavam de muitos;
Na era em que muitos se rebaixavam violentamente tal qual aqueles poucos.

Digam que vivi no tempo das injustiças sociais, políticas e culturais,
Que fui vítima e vitimizei a tudo pelas medíocres relações pérfidas de poder que exerceram sobre si um amargor e que exerceram sobre mim,
Que pessoas morriam pedindo socorro,
Gritando clamorosamente por uns que os enganavam mentindo e sorrindo,
Enquanto os filhos do poder se regozijavam na fartura da fartura.

Vivi no tempo da bonança que não chegava mesmo quando se sonhava o futuro.
Digam que presenciei a intolerância e a alienação mesmo quando se pensava que não.

Digam que vivi num tempo estranho onde a violência não era combatida com a paz,
No tempo em que sempre queriam mais...
E se vomitam mais: mais medo, mais brutalidade, mais ódio, mais...
Onde caminhavam dentro de uma individualidade puramente egoísta,
Disfarçada hipocritamente de coletiva...

Digam que vivi num tempo onde não se merecia viver.
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Um dia para cada esboço
Quem vive a sonhar alvoroço
Verte, a intuir, segredos sem fim.
Neste mundo de fundos de poço
Que à lama nos faz conferência
Nos Desterra mazelas de si.
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Veridiano Maia

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Trilhas Potiguares

Trilhas Potiguares 2010 - Olho D'Água do Borges


Trilhas Potiguares 2011 - Venha Ver
http://hilcahonorato.blogspot.com.br/2011/07/trilhas-potiguares-venha-ver-2011.html?spref=fb

Trilhas Potiguares 2013 - Taipu

http://youtu.be/71kco0ZGyh

Vídeo oficial - Trilhas Taipu 2013

http://www.youtube.com/watch?v=CuvUtE5EQhY


Livro de poesia: Na bacia das almas

NA BACIA DAS ALMAS, O SEGUNDO LIVRO DE POESIA DE VERIDIANO MAIA DOS SANTOS, ABORDA POEMAS SOBRE A CIDADE, SUA CONCRETUDE E SEUS SIMBOLISMOS...