sexta-feira, 2 de março de 2012

Profissão - professor!

Não é difícil, mas não será fácil...

Na cartilha mais básica de qualquer professor (a), seja de que área do conhecimento ele ou ela for, terão questões básicas acerca de seu trabalho pedagógico em sala de aula. Fazer um bom planejamento, ter fruição em didática, discutir currículo (o que ensinar?) e elaborar estratégias metodológicas para mediar o conhecimento com seus alunos, são pontos primários da ação docente em sala de aula.

Além desses pre-requisitos básicos, temos que nos deparar com uma realidade brasileira no tocante à educação básica e pública - e que todos conhecem e/ou têm ciência - que impele o docente dessa educação a uma postura (obrigada, diga-se) de um quase psicólogo, assistente social, pai, mãe, etc...no meio de tudo isso, manter-se profissional (exigências "justas" do capitalismo concorrente), ético, justo, competente e solidário; restos a pagar de outrora sobre uma idealização do professor. "Até meados dos anos sessenta, como escreveu Giles Ferry, a actividade do professor tinha como referência o modelo do "Bom Professor". Este exercia uma função social transcendente, era um verdadeiro modelo moral e político, não apenas porque era tomado como um cidadão exemplar, mas também porque era visto como um sacerdote ao serviço do saber. A sua vida confundia-se com a sua missão. Ser professor era a manifestação de uma vocação ou missão transcendente, não o exercício de uma profissão". (FONTES apud FERRY)

Hoje em dia tentamos, quando podemos, nos qualificar mais e mais com cursos de formação continuada e em programas de pós-graduação. Mas, profissionalmente não é suficiente, pois a complexidade que habita o chão da escola é muito superior à dinâmica de nossos esforços. Para sermos profissionais exitosos na docência temos que nos organizar na profissão e na ação, criar metas, estabelecer estratégias e estudos bem feitos. Mas nesse turbilhão todo, por vezes ou na maioria delas, esquecemo-nos da profissão. Esquecemos que somos um grupo, uma categoria, uma horda imaginária do bem, formadora de pensamentos críticos (tomara!) e como tal, temos que ter planejamento, metodologias e didáticas para lutarmos por nossas reinvidicações diante de quem nos emprega e nos maltrata e a todos por consequência colateral na sociedade (falo de Natal, especificamente neste ponto). Planejar o que queremos e onde queremos chegar; ter recursos metodológicos para alcançarmos as metas planejadas; e ter didática para sermos entendidos pela sociedade, principalmente alunos e pais, para que não nos chamem de vagabundos. Ainda segundo Fontes, o discurso do profissionalismo está hoje largarmente difundido, sendo cada vez mais evidente que é sobre ele que se irá construir o novo ideal para a profissão docente. Mais profissionalismo significa no novo discurso, maior sucesso das escolas, o que se traduzirá em maior desenvolvimento social e econômico. O profissionalismo, esconde para muitos analistas, a nova estratégia de mobilidade social ascendente dos professores, com a qual pretendem alcançar um melhor status e mais poder. A consequência deste movimento tem sido o seu progressivo afastamento das lutas sindicais, a deslocação dos seus conflitos laborais para o domínio do exercício profissional, assim como a crescente exigência duma autonomia completa face ao Estado e aos seus mecanismo de controle, em nome duma melhor eficiência do sistema.

Com todo esse embróglio que nos últimos anos acontece no início do ano letivo em Natal/RN, estamos perdendo a noção daquilo que precisamos e usamos em sala de aula como requisitos básicos da ação docente diante do poder público empregador e diante de nossa categoria: O que fazer? Como fazer? Como se fazer entender? Como alcançar objetivos? Esquecemos desses ítens básicos de consumo tão consumidos no processo de ensino na prática de nossas vidas profissionais na hora da luta por melhores condições de trabalho em todos os sentidos na docência deste município. Sindicato que utiliza artimanhas que me parecem bem obtusas e nós, a categoria, que não consegue agir para pensar uma greve com planejamento, metodologia e didática (no popular: ô, classe desunida, Deus me livre! Com uma preguiça em querer se organizar...).

O resultado de tanta imcompetência enquanto grupo que busca melhorias profissionais é que nunca chegamos a conquistar realmente respeito e dignidade para a nossa profissão, apesar de no geral sermos muito profissionais e dedicados no exercício de nossas atividades na docência. Nos falta essa capacidade formadora fora da sala de aula e enquanto existir essa desarticulação deseducadora de nós mesmos, não alcançaremos nunca mais status e mais poder profissional. Pena, porque temos a capacidade intelectual de organizarmos um movimento realmente eficaz: temos as bases epistemológicas e cognitivas para isso. É só por em prática tal qual se faz em sala de aula. O conhecimento nós temos o que falta é amadurecimento enquanto categoria, enquanto sujeito de uma profissão e de um grupo que necessita das mesmas coisas, tais como: qualidade de vida, respeito e boas condições de trabalho para ajudarmos nossas crianças, jovens e adultos na busca da liberdade de fato. "E, enquanto isso na enfermaria, todos os doentes estão cantando sucessos populares", e se eu fosse um governante que não se preocupa nem um pouco com a qualidade da educação, como temos muitos deles bem próximos de nós - tipo como acontece no Japão (quem?), eu vivia gargalhando para essas greves mal forjadas, mal planejadas e mal executadas (apesar de serem super lagítimas). E o salário, ó!.








FONTES, Carlos. http://educar.no.sapo.pt/PROFS2.htm, acesso em 02/03/2012.




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