Homem (quase)
confuso.
Não
sou nem por um lado e nem por outro. Nem de esquerda e nem de direita. Tento
manter comigo o mínimo possível de liberdade
para tentar ser independente. Apesar de não haver independência e tampouco
liberdade de fato. Fico em cima do muro e vez
por outra pulo para um lado ou para o outro tentando encontrar ou soluções ou
caminhos ou descaminhos ou problemas. Faço punição pelo que é vivo,
tenha a textura que tiver, na dimensão em que estiver. O que quero para os
meus, quero para os seus – muito embora, na maioria infinita das vezes, eu não
saiba bem o quero ou se quero o que digo querer.
Não preciso que me apontem dogmas.
Não preciso que me digam o que é certo, bonito e bom. Estes conceitos são apenas formas de julgamento que
alguém faz sobre alguma coisa, fato ou pessoa. E, como toda forma de
julgamento, há em si muita subjetividade. Subjetivismos por subjetivismos, ando
com os meus e não com os dos outros.
Cultuo dúvidas e inconstâncias
porque se fôssemos sempre os mesmos nem teríamos nascido. Procuro caminhar por
linhas imaginárias, pois não há nada que seja tão verdadeiramente real. Os vetores
são múltiplos e se entrelaçam em encruzilhadas medonhas a cada momento numa
complexidade performática imprevisível.
Não sou fã de todos os acertos que paralisam. Mas, vivencio todos
os erros que me parecem mais cambiantes em reflexões críticas de mim, quando os
cometo. Não espero nada de ninguém e espero muito do ser humano ao mesmo tempo.
Todo mundo é capaz de tudo para um ou outro modo de entender os acontecimentos
simultâneos e velozes.
Não
sou bom e nem sou mau. Estou assim ou estou assado, dependendo da temperatura e
da pressão. Gosto do verbo estar. O verbo ser me parece indecifrável. Não tenho
anos, mas carrego algumas vivências. Não tenho tempo porque o tempo é só mais
uma convenção que serve para regular nossas vidas e ele, na moral, inexiste.
Mas, falo o tempo todo em momento, instante e tempo. O passado é um
sonho mal contado; o presente é muito rápido e o futuro, é futuro! Não tenho
mesmo coerência e nem sei o que é coesão.
Não carrego ódio, nem indiferença, nem diferença e nem
amor. Carrego meias razões, intensas emoções e sentimentos que afloram, um ou
outro, dado o instante em que ganham mais força dentro de mim e explodem. Sou
não sendo; estando; mas, não ficando. Indo, ao mesmo instante em
que passo vindo – dependendo do referencial de onde se estar.
Eu sou pelo
contrário quando estou no avesso do errado beirando a dúvida se estou à margem
do que se diz certo. Se eu sou, dizendo que não sou
e que sempre estou, então, sou contraditório. Se eu sou contraditório,
sou constante em alguma coisa, apesar de inconstante (isso remete à outra
contradição – ou muitas!). E nesse turbilhão de coisas
incertas e variantes, sinto-me humano que faz parte de seu contexto e corresponsável
por todas as mazelas que nos tornam menos humanos e muito mais impuros.
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