quarta-feira, 8 de maio de 2013

Entre ontem e amanhã!


"Tão Jovens..."



Assistir ao filme ‘Somos tão jovens’ que trata do início da carreira musical do Renato Russo me fez ver que eu não sou mais tão jovem assim (ô, novidade!). Ao lado de meu filho de 14 anos e de minha sobrinha de 12, passou-me uma sensação desgraçada de que os meus desvarios juvenis não morreram, mas também não estão mais em mim e, se estão, devem estar perdidos no limbo de alguma galáxia muito distante que se encolhe dentro do meu universo real, paralelo ou bipolar.

Agora, vejo o modelo sonhador que busca mudar o mundo pertencer aos meus jovens companheiros de cinema (e a tantos outros que estavam na sala): de almas roqueiras, camisetas pretas de bandas preferidas, e aquele brilho instigante, vibrante, suspirante, raro no olho. Brilho este que, somente ele, é capaz de abrir a janela da alma de uma pessoa no exato momento em que brilha e mostrar o lado mais lindo de qualquer pessoa: o lado desarmado e indefeso, que somente se dedica a se encantar com as ilusões e com os desejos.

Vendo o filme, relembrei-me num passado tão remoto quanto eu. Vi-me de volta, lá, no tempo em que eu era ainda criança sonhadora, de brilho no olho e viola meio desafinada na mão. Pensei o quanto eu queria ser diferente e como me tornei diferente da diferença que eu queria ser, feito de pedaços de vitórias e derrotas, meio neurótico com as horas e os segundos, meio burocrata no momento em que a fatura do cartão chega e quase um ‘pseudo’ burguês sem ideologia, mas fundamentado no caminho percorrido. Mas, isso é mesmo ser diferente ou não é?

A história de Renato Russo todo fã conhece. Mas, ver o filme para quem tem mais de trinta traz a nostalgia (des)agradável dos 16. E essa sensação traz um alento desalentador do quanto poderia ter sido, o quanto não foi, o quanto foi realizado sem se quer se saber que o seria: mitologia e intuição!

Para meu filho e para minha sobrinha e tantos outros filhos e sobrinhas que são “netos e netas” de Renato Russo, o filme corrobora para aumentar a expectativa e contribui para dar o pontapé necessário para que se estabeleça definitivamente o início da brincadeira dos sonhos a serem perseguidos; revigora e eleva a alma a campos altos, bonitos e bem musicados. Quem passou do prazo de validade para dar asas aos sonhos em abundância em detrimento da vida real, cotidiana e grotesca na maioria das vezes, traz a impressão de que o sonho não acabou, mas transferiu-se para outra repartição ou hiberna esperando a próxima encarnação.

De qualquer forma é sempre bom relembrar porque é o saudável exercício lembrar de novo algo que você sabe que pairou em você, que esteve lá. E, enquanto o filme roda dá até pra voltar um pouco e saber quais eram os nomes do algo, do alguém, do lugar, do sonho. O ruim é saber que o que existe mesmo é uma fotografia amarelado em sua alma e que no fim do filme outras demandas mais atuais estão te esperando, aliás, sentadas em seu colo esperando o cinema acender as luzes para exigirem a nossa energia e concentração. De todo modo, vale a pena ir assistir “Somos tão jovens”, de preferência com uma penca de jovens ao redor.

Um comentário:

  1. Tava muito ansiosa pra ver o filme! Tirando a atuação caricata do cara que interpreta o Herbert (ri muito!), o filme é lindo. Força Sempre!

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