sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Livro: Pariu um poeta em mim






Poesias que discutem o contemporâneo, o sentir a vida em sociedade e a existência do ser humano – percepções, dores, sabores e algumas fantasias –, em meio à vivência e à experiência das trocas e sentidos subjetivos.
Categorias: Literatura Nacional, Artes
Palavras-chave: literatura, poesia








Saiu meu novo livro de poesias. Disponível impresso e e-book no site abaixo:

https://clubedeautores.com.br/livro/pariu-um-poeta-em-mim


 

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Projeto Trilhas Potiguares UFRN

Campo Redondo/RN 2019

De 29/06 a 06/07 estaremos no município de Campo Redondo - RN com o projeto Trilhas Potiguares - Campo Redondo 2019 - ação local que se insere dentre do Programa com o mesmo nome. Este programa de Extensão já existe há mais de 20 anos percorrendo município do estado do Rio Grande do Norte com equipes multidisciplinares compostas de estudantes universitários que elaboram ações a serem desenvolvidas nas mais diferentes áreas da graduação e também de Pós.

Em Campo Redondo vamos desenvolver ações nas áreas de Educação, Cultura e Arte, Meio Ambiente, Direitos Humanos, Trabalho e empreendedorismo, Saúde, Turismo e Comunicação.

É um momento rico de trocas de ideias e experiências entre graduandos e comunidade local, tanto em ambientes urbanos como em zonas rurais.

 

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Minha dissertação e tese...



Título: EJA: saberes na articulação curricular da Escola Municipal Professor Amadeu Araújo
Autor(es): Santos, Veridiano Maia do
Palavras-chave: EJA. Currículo. Escola. Saberes;EJA. Curriculum. School. Knowledge
Data do documento: 31-Jul-2014
Editor: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Referência: SANTOS, Veridiano Maia do. EJA: saberes na articulação curricular da Escola Municipal Professor Amadeu Araújo. 2014. 194 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.
Abstract: The target of this paper is to investigate the possibilities of inscribing into the EJA curriculum the knowledge detected in the neighborhood of a school if the point of view of the student body regarding the basic schooling deserves its due consideration. The empirical field of our research focuses on the elementary school of professor Amadeu Araújo Municipal School in Natal. Our investigative course tried to understand the way pupils think the curriculum contents of knowledge spread around the school from the vision furnished by their elementary school. With this, we hoped to develop a creative understanding concerning that question. Then we reviewed, along the debate, questions related to Nova Natal Housing Estate and its historic, social and cultural beginnings taking in account the participants memories of this research and their suggestions concerning the utility of the community knowledge to the curriculum practices. This project is supplied by the qualitative research and reinforced by the Focal Group s methodological procedures and semi-structured interviews. This procedure allowed us to discern different points of viewing, feeling and understanding in the complexity of the daily life around school and its environment. With these elements, we could note that some students perceptions pointed to a basic schooling fomented by traditionalized pedagogical practices in which teacher and pupil seldom dialogue with each other, what corroborates the impression of undervaluation of the pupil s role. Consequently, the nets of knowledge waved around the school in Nova Natal Housing Estate become useless, when they could be of great utility if inserted in the curriculum contents
Resumo: Este trabalho tem como objeto de estudo as possibilidades de inserção de saberes presentes no entorno da escola no currículo da EJA a partir do olhar discente sobre sua formação escolar. O campo empírico de nossa pesquisa concentra-se na citada modalidade do Ensino Fundamental da Escola Municipal Professor Amadeu Araújo, pertencente ao sistema educativo do município do Natal/RN. Nosso itinerário de pesquisa buscou investigar o modo como os alunos pensam a inserção curricular de saberes presentes no entorno da escola, com atenção especial ao seu olhar sobre a sua formação escolar, a fim de que pudéssemos desenvolver uma discussão propositiva sobre outras possibilidades de inserção curricular desses mesmos saberes, mas agora em articulação com o olhar discente. Assim, debatemos sobre o Conjunto Habitacional de Nova Natal e seu itinerário histórico, social e cultural sob o recorte e memória dos participantes desta investigação e suas falas sobre os saberes pertinentes da comunidade que pudessem tecer correlação dialógica nas práticas curriculares. Este projeto é ancorado na pesquisa qualitativa e amparado em procedimentos metodológicos do Grupo Focal e de Entrevista Semiestruturada, que nos permitiram captar formas diversas de olhares, de sentidos e de entendimentos dentro de um contexto cotidiano complexo seja na escola, seja no seu entorno. Isso nos permitiu inferir que existem percepções do discente da EJA na referida escola que apontam para uma formação baseada em práticas pedagógicas tradicionalizadas, esvaziadas de um diálogo emancipador entre docente e discente (de modo geral), um ambiente escolar que corrobora o sentimento de desvalorização discente e que em seu entorno existem redes de saberes que são tecidos no cotidiano de Nova Natal e que poderiam estar inseridos ao currículo escolar oficial, mas que na prática não são reconhecidas de modo geral pela mencionada escola
URI: http://repositorio.ufrn.br:8080/jspui/handle/123456789/14590
Título: O "engodo" e a rede de sentidos: representações sociais de professores sobre o currículo da EJA
Autor(es): Santos, Veridiano Maia dos
Palavras-chave: Representações sociais;Professores;Currículo;Educação de Jovens e Adultos
Data do documento: 29-Ago-2018
Referência: SANTOS, Veridiano Maia dos. O "engodo" e a rede de sentidos: representações sociais de professores sobre o currículo da EJA. 2018. 461f. Tese (Doutorado em Educação) - Centro de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2018.
Abstract: The objective of this research is to analyze the social representations of teachers about the curriculum of the second segment of the Education of Young and Adults of Elementary School. The context of this academic initiative is based on the daily reality of this modality of Elementary Education in which issues such as student dropout, class closure in schools and day to day school work are highlighted. Youth and Adult Education brings together potentialities and tensions that are present among its actors, especially in the teaching group. Based on the theoretical-methodological foundation of the Theory of Social Representations, through its approach to socio-genesis, it is a study that analyzes, describes and discusses the social representations of teachers about the curriculum articulating the look of these professionals to the idea of a representational network that sews up in several dimensions that are present in the daily school life from the knowledge and the teaching, its contrasts, subjectivities, tensions and affections. We analyze and reflect between the different dimensions of teaching work that relate to the curriculum, revealing its consensual universe, amidst the relations of power in the constructive contexts of representation on the curriculum in the EJA. In relation to this object of study, we rely on reflections and theoretical references that study the phenomenon of social representations, and on postulates that deal with this modality of Elementary Education and also in curricular conceptions of national and foreign authors. In the empirical process, we worked with semistructured interviews and collective interviews as techniques within the framework of qualitative research, where the results of these procedures were considerably evaluated by content analysis, in their aspects of record analysis and context. This work was developed in three schools in the city of Natal / RN, counting on the participation of twelve teachers from the second segment of the mentioned modality of school education. In general, we consider that teachers communicate and articulate knowledge when constructing a representational network that is embedded in the curriculum of this mentioned modality of Elementary Education; in a close way, the teaching collective represents the curriculum of the Education of Young and Adults familiarizing it with the model of Regular Teaching, objectifying it by materializing it in the image of the disciplinary content. The findings of this complex study that problematizes the representational field of teachers shows us that teachers are guided in practices by an ordinary knowledge in their pedagogical daily life, in the midst of several different specificities that the EJA demands. Therefore, it is necessary to raise awareness through reflections and pedagogical actions that direct the actors of this process of schooling of the subjects to move towards new curricular possibilities in the process of teaching and learning in formal education institutions.
Resumo: O objetivo desta pesquisa é analisar as representações sociais dos professores sobre o currículo do segundo segmento da Educação de Jovens e Adultos do Ensino Fundamental. O contexto desta iniciativa acadêmica está fincado na realidade cotidiana desta modalidade do Ensino Fundamental na qual se destacam questões como a desistência discente, o fechamento de turmas nas escolas e o trabalho docente no dia a dia escolar. A Educação de Jovens e Adultos congrega potencialidades e tensões que se fazem presentes entre os seus atores, especialmente, no grupo docente. Com base na fundamentação teórico-metodológica da Teoria das Representações Sociais, por meio de sua abordagem da sociogênese, trata-se de um estudo que analisa, descreve e discute as representações sociais dos professores sobre o currículo articulando o olhar destes profissionais à ideia de uma rede representacional que se costura em diversas dimensões que estão presentes no cotidiano escolar a partir do saber e do fazer docente, seus contrastes, subjetividades, tensões e afetos. Analisamos e refletimos entre as diferentes dimensões do trabalho docente que se tangenciam ao currículo, revelando seu universo consensual, em meio às relações de poderes nos contextos construtivos representacionais sobre o currículo na EJA. Em relação a este objeto de estudo, nos amparamos em reflexões e referenciais teóricos que estudam o fenômeno das representações sociais, e em postulados que versam sobre esta modalidade do Ensino Fundamental e também em concepções curriculares de autores nacionais e estrangeiros. No processo empírico trabalhamos sensivelmente com entrevistas semiestruturadas e entrevistas coletivas como técnicas dentro do amparo da pesquisa qualitativa, onde os resultados destes procedimentos foram consideravelmente avaliados pela análise de conteúdo, em seus aspectos de análise de registro e de contexto. Este trabalho se desenvolveu em três escolas do município do Natal/RN, contando com a participação de doze professores do segundo segmento da citada modalidade de ensino escolar. De modo geral, consideramos que os professores comunicam e articulam saberes ao construírem uma rede representacional que está imbricada ao currículo desta citada modalidade do Ensino Fundamental; de forma estreita, o coletivo docente representa o currículo da Educação de Jovens e Adultos familiarizando-o ao modelo do Ensino Regular, objetivando-o ao materializá-lo à imagem do conteúdo disciplinar. Os achados deste complexo estudo que problematiza o campo representacional docente nos mostra que os professores se guiam em práticas por um conhecimento ordinário no seu cotidiano pedagógico, em meio a diversas e distintas especificidades que a EJA demanda. Portanto, é preciso uma tomada de consciência a partir de reflexões e ações pedagógicas que direcionem os atores deste processo de escolarização dos sujeitos para se caminhar em direção a novas possibilidades curriculares no processo de ensino e de aprendizagem nas instituições de ensino formal.
URI: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/26404
Aparece nas coleções:PPGED - Doutorado em Educação


quarta-feira, 3 de abril de 2019

Perguntas e os tempos...


Algumas questões são pertinentes de serem formuladas nas cabeças daqueles que tendem à inquietude cognitiva quando queremos saber sobre os acontecimentos temporais de nossos dias passados e de nossos dias contemporâneos.
Nesse sentido, não parece ser incongruente dizer que vivemos em um período histórico onde o revisionismo tenta buscar seus argumentos para a explicação de fatos históricos que constituíram o transcorrer de nossa história nacional no tempo e seus contrastes.

Ninguém acha (ou achou) meio esquizofrênico pensar, por exemplo, a razão de a sociedade brasileira, que segundo dizem, odiava o comunismo, ter colocado na linha de sucessão presidencial, o Jango, na década de 1960? Será que o povo brasileiro estava tão odioso de uma perspectiva mais à esquerda para o comando da nação nos idos daqueles tempos? Jango entrara para a política na década de 1940 pelas mãos do Partido Trabalhista Brasileiro. Fora vice-presidente, de 1956 a 1961, tendo sido eleito com mais votos que o próprio presidente, Juscelino Kubitschek. Lembremo-nos que naquela época se votava em presidente e em vice de modo independente.

Um pouco antes, em 1953, Getúlio Vargas o nomeara Ministro do Trabalho. Como tal, convocou congresso sobre previdência social, assinou decretos em favor dela... Em 1954, sob as críticas ferozes de empresários, conseguiu mobilizar um aumento de 100% do salário mínimo e só deixou o cargo de ministro com a morte de Getúlio Vargas.

Com esse histórico nem tão direitista assim (tentando entender os conservadores de direita da época), era de se pensar que ele não seria eleito pelas posições que assumia se, e somente se, o povo tivesse verdadeira ojeriza às ideias de esquerda. Jânio Quadros, afiliado aos partidos mais conservadores ou de direita, obteve pouco mais de 05 milhões e 600 mil votos, sendo eleito presidente. Enquanto Jango, lado ideológico mais destoante do titular, obteve mais de 04 milhões e 500 mil votos do nacional eleitor. Será que as pessoas mais humildes ou classes mais embaixo da pirâmide econômica, não eram tão antiesquerda como se imagina? Ou não havia clara discussão sobre o que era esquerda e direita, e sim desinformação midiática e política? Os analfabetos não votavam naqueles tempos. E mais de 24 milhões de pessoas estavam nesta condição, o que significa que os aptos à escolha presidencial tinham alguma leitura.

Seriam as aproximações de Jango com ideias de melhor distribuição de renda e de reforma agrária os nexos de comoção dos conservadores para o taxarem como um comunista? Tudo bem, o mundo era bipolar entre capitalismo e comunismo e havia informações e contra informações infiltradas para os dois lados antagônicos. Mas, no Brasil, objetivamente, o comunismo teria força de se impor? Ou o medo de melhor (ou mínimo equilíbrio) atuação governamental em favor dos menos assistidos e menos afortunados, no campo – especialmente –, dava o tom do discurso reacionário entre alas de ruralistas, empresários, meios midiáticos, políticos e militares? Segundo historiadores, como o professor da UFMG Rodrigo Motta, não existiam condições concretas para o domínio vermelho no Brasil naqueles anos conflituosos. E eram tempos polarizados e conflituosos mesmo. Reivindicações de um lado e mobilizações conservadoras de outro se batiam de modo contundente.

Como podemos tirar das reflexões do citado historiador, implantou-se uma ditadura, um regime autoritário e violento, para combater uma hipotética implantação ditatorial de esquerda no país. Faz sentido? O autoritarismo de esquerdo ficou num plano hipotético, já o de direita foi real e truculento. E nenhum dos dois serve a povo nenhum. Mesmo com posteriores incursões reativas de grupos armados, a mobilização de todo o Estado para seu combate de forma virulenta era necessária?

Já em fins do regime militar, grupos violentos foram instalados no Brasil, como o comando Vermelho (1979). E, hoje em dia, temos grupos bem mais organizados em facções criminosas; e não se vê – exceto alguns desmiolados da extrema-direita – o povo pedindo a volta de um regime de exceção para combater tais grupos. Na maioria das vezes, se pede atuação firme do Estado por meio de suas instituições democráticas e leis rígidas para o combate à violência urbana e rural. Bem como, políticas públicas sérias que dignifiquem ou potencializem oportunamente a qualidade de vida de todos os brasileiros.

Ao darmos um salto no tempo, chegamos à segunda década do século XXI, onde especificamente em 2013 tivemos manifestações efusivas contra aumentos de passagens de ônibus e contra o cenário político: suas crises e corrupção no setor público eram os motes principais para as pessoas irem às ruas em grande volume de gente. Mas, depois disso, a crise econômica se intensificou, a crise política aumentou, um governo foi ao chão poucos anos depois... Preços de combustíveis pipocaram, passagens aumentaram, fizeram uma reforma trabalhista controversa, o desemprego continua crescendo em 2019 (segundo IBGE), estão querendo uma reforma previdenciária discutível. Por que será que não vemos outras mobilizações de protestos nas ruas hoje em dia? De certo, o país não melhorou, especialmente, para os mais vulneráveis economicamente.

Agora, em 2019, temos um governo de extrema-direita, e, sob o discurso anticomunista (outra vez), busca um revisionismo histórico e um remanejamento nas suas atuações diplomáticas, onde dizem alguns entendidos, destoam das tradições de política externa do Brasil. Tudo isso afirmando combater o viés ideológico, mas o que vemos até aqui é o uso total ideológico em ação política do governo: seja na política externa, seja no ataque às instituições formativas, como universidades e escolas, seja nas supostas necessidades de desconstrução que o presidente atual quer. Não temos aí uma implantação ideológica de extrema direita sendo implantada sob os argumentos do liberalismo econômico e por meio de uma pauta conservadora meio difusa? Isso será o caminho que levará o Brasil ao desenvolvimento sustentável, ao crescimento econômico e à redução de nossas imensas desigualdades sociais? Será que o país saiu supostamente de uma metodologia ideológica de um governo para cair numa pior para o seu povo de modo geral? O populismo saiu fora ou agora está mais ambicioso? O tempo dirá nossos próximos passos com o que ele tem de melhor: seu transcorrer e sua contação histórica!

sexta-feira, 22 de março de 2019

Democracia e Representação: discutindo os números da eleição/2018


Ao olharmos conceituações sobre democracia representativa por meio de uma simples consulta ao Google, encontramos resumos que dizem de modo geral que: este modelo de democracia, também chamado de democracia indireta, é uma forma de governo em que o povo elege representantes que possam a defesa, a gerência dos anseios populares, estabelecendo e executando os interesses da população. A principal base da democracia representativa é o voto direto, ou seja, o meio pelo qual a população pode apreciar todos os candidatos escolhendo, assim, seus representantes.

Os representantes eleitos através do voto podem ser vereadores, deputados estaduais, deputados federais, senadores, governadores e presidente. Teoricamente, a função das pessoas que foram eleitas é representar os direitos e interesses daqueles que os elegeram, já que a Constituição Federal vigente afirma que “O PODER EMANA DO POVO”, no entanto, muitos exemplos de sistemas democráticos pelo mundo mostram que a relação entre os representantes e a população é bastante questionável. Já que “democracia” é o regime político em que a soberania é exercida pelo povo. A palavra democracia tem origem no grego demokratía que é composta por demos (que significa povo) e kratos (que significa poder). Neste sistema político, o poder é exercido pelo povo através do sufrágio universal.

Mas, ao analisarmos os dados da eleição de 2018, é possível afirmar que pelo sistema de votação vigente nossos representantes são realmente o resultado do desejo da maioria dos aptos votantes e, para além do pleito, a maioria da nossa população? Parece que sim (a respeito dos votos validados), mas isso pode ser bem relativo da perspectiva de aprovações de políticas e leis que mexem com a vida do cidadão (brasileiro, no caso); assim, a resposta pode ser um não.

Óbvio que os que foram eleitos de acordo com as regras do jogo eleitoral estão legitimados ao exercício da representação democrática, seja no executivo, seja no legislativo. Mas, voltando para a vida além dos períodos dos pleitos, nossos dignos representantes políticos poderiam se enclausurar em suas bolhas políticas, esquecendo o bem geral da população, decidindo nosso destino coletivo só porque eleitos foram?

Notemos o Brasil se compõe entre os que estavam aptos à votação, os que não optaram por votar ou não votaram em ninguém, como branco-nulos; e, aqueles que não estavam aptos ao sufrágio universal em 2018, por exemplo. Como decodificar a complexidade que se encontra presente nos diferentes grupos sociais, suas classes, lutas, vontades, não é uma tarefa das mais singelas. Nisto, poderemos dar um desconto aos nossos políticos porque eles não são deuses para interpretar toda essa relação de poder e de saber presente no cotidiano da sociedade brasileira, embora eles tenham formas de deitar uma significativa interpretação dos contextos sociais e culturais em meio à nossa idiossincrasia subjetiva e sua configuração social.

Pensando o pleito de 2018, é possível fazermos algumas interpretações dos números que o processo eleitoral mais recente nos ofereceu. Para começar vamos partir de um número arredondado por conveniência de análise: 208,5 milhões de brasileiros neste citado ano. De toda sorte, neste número, existem os votantes e os não votantes no último processo eleitoral. Aptos ao voto estavam 147.302.357 milhões de eleitores no citado pleito: em números percentuais, esse contingente com habilitação a ir às urnas, eles giravam por volta de 70,64% da população total do Brasil. Assim, quase 30% do público nativo deste país não pode manifestar sua vontade – embora tenhamos crianças que nem sabiam o que significa tal vontade. Mas, mesmo assim, há um recorte nessa história de direito democrático à escolha de representantes políticos no que chamamos de democracia e suas representações.

Para adentrarmos os números, vamos partir do pressuposto que o percentual representativo escolhido é o do conjunto do time político que logrou êxito em 2018, exceto pela análise do voto proporcional que, pela lei, não exige maioria de votos para um postulante chegar ao cargo de representação política. Comecemos pelos representantes legislativos da Câmara Federal, nossos deputados eleitos (deixamos de fora a representação legislativa estadual, pois, nossa intenção é mostrar alguns números mais globais). Aos números: daqueles que estavam aptos a votarem em todos os estados, foram validados 93.665.999 milhões de votos divididos entre os postulantes a cargo em questão. Por outro lado, 53.470.755 de eleitores preferiram (em todos os estados), ou votarem em branco ou anularem seus votos.

Aqui vale dizer que a somatória entre votos válidos e invalidados não leva em consideração os eleitores que estavam fora do Brasil no momento do pleito de 2018.
Assim, aproximadamente o total de 36% do eleitorado apto às urnas decidiu que nenhum postulante à Câmara Federal, em nenhum estado da federação, mereceria seu voto e sua confiança. Logo, na dureza dos atos, os vencedores deputados não são de fato representantes desse contingente de pessoas e, somando-se aos que não puderam expressar suas vontades de escolha (mais ou menos 30%), o número percentual dos que não têm oficialmente representantes no parlamento dos 513 representantes eleitos, sobe consideravelmente. Entre os votos válidos, significa que 45% é o percentual destes em relação à população geral, e 64% é o número percentual em relação aos que estavam aptos ao voto em 2018. Logo, mesmo entre vencedores e vencidos para a câmara federal, a somatória de sua representação em cima do contingente populacional do Brasil é de 26%.


O gráfico abaixo demonstra essa discrepância:



E isso pode ser mais absurdo ainda se retirássemos o percentual dos votos que foram dados a deputados que não conseguiram se eleger. Pensando sobre representação democrática e vontade popular (poder emanado), eles, nossos deputados, estão no poder pela vontade de uma vontade minúscula parcela do total de brasileiros. Olhando os números e não o frio cálculo da lei, não existe na câmara a representação da maioria, mas sim da minoria. O que parece ser contraditório ao pensamos o que significa etimologicamente a palavra “DEMOCRACIA” ou mesmo um tal desejo da maioria.

Saindo dos números proporcionais dos deputados federais, sigamos para os votos majoritários do Senado, a câmara alta do nosso parlamento. Será que nossos senadores estão no poder pela vontade majoritária de nossa gente ou pelo menos daqueles que estavam aptos a oferecer nas urnas suas respectivas opiniões?

Aos números por meio da próxima tabela:


Difícil de percebemos de modo geral tantos números, estado por estado, mas vamos tentar clarear essa confusão numérica. Partindo sempre dos dados entre população/votantes/eleitos... Desse modo, somente os estados do Acre, Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí têm pelos menos 50% do seu respectivo contingente populacional (vontade da maioria) representado no Senado Federal. De outra forma, podemos dizer que os votos majoritários dos eleitores dos estados brasileiros para seus respectivos representantes eleitos não são exatamente majoritários no contexto nem dos aptos e muito menos da sociedade como um todo. No Mato Grosso, por exemplo, do seu total populacional, somente 29% decidiram seus dois representantes. No frigir dos ovos, Mato Grosso (e, ademais, outros 22 estados) teve seu poder representado não pela maioria dos cidadãos, mas pelo seu contrário. Teoricamente, que força representacional seria esta que teriam tais senadores? Pouca, pensando-se na teórica vontade da maioria! Vejamos no Gráfico, onde em azul está o conjunto total das populações estaduais, e em azul claro, última coluna, está o percentual que escolheu seus senadores.



A coisa não fica muito diferente quando observamos cada poder executivo nos estados da federação. Onde governadores, no primeiro ou segundo turno, foram eleitos para o comando do seu respectivo estado pelo período de 04 anos a partir de 2019.







Em termos de percentuais de representação da vontade popular em cada estado, nossos governadores são a resultante de uma democracia que seleciona seus eleitos por uma minoria populacional absolutamente diminuta ao observarmos o número total de cidadãos por estados. Nenhum governador no Brasil, hoje em dia, pode sequer afirmar que representa, no executivo, metade de sua população pela escolha direta de seu mandato. Quem mais teve percentualmente a escolha de sua população foram os estados do Ceará e de Santa Catarina e, olhe lá!, com 38% em relação ao distintos público destes dois estados. O que mostra que nossa maneira de escolher governos é um pouco distorcida, ao pensarmos no tal poder emanado do povo pelo preceito maravilhoso da democracia.
Por fim, vamos ao líder maior de um país como o Brasil, o presidente da república.

Em 2018, o atual presidente obteve no segundo turno 57.797.847 milhões de votos, significando 57,13% (tinha que ter um treze pra ele!!!) dos votos válidos. Legitimamente escolhido pelas regras eleitorais do país e com também legitimidade de estar à frente do executivo nacional. Mas, vamos a outros números? Vejamos abaixo:






Dos 57,13% de eleitores que escolheram o presidente, ao incluí-los aos aptos ao voto, seu contingente percentual cai para 39% do total de eleitores. O que fica distante da metade daqueles que legalmente poderiam escolher o mandatário maior do nosso país. De modo que, 61% dos eleitores, por algum motivo, não o queriam no poder, ou pelo menos, não sentiram segurança de pô-lo no planalto como seu presidente. A coisa fica um pouco mais contundente quando olhamos o total de votos que elegeram o atual presidente em relação à população total do Brasil. Isto significa dizer que o presidente atual teve, em 2018, 28% da vontade do povo, menos de um terço na sua escolha pelos cidadãos brasileiros para o selecionamento do chefe do executivo nacional. De modo que 72% da nossa gente ou não o queria no poder ou não teve o que dizer sobre o assunto, ou mesmo, optou por se negar a fazê-lo nas urnas. No cru dos números, nossa democracia não é a escolha da maioria de seu povo, muito pelo contrário, é a vontade minoritária que seleciona seu líder.

Alguém pode refutar este texto ao falar sobre nosso sistema eleitoral que legaliza o pleito como está na atual configuração. Mas, é aí que mora minha reflexão: precisamos discutir urgentemente a forma ou a metodologia como escolhemos nossos representantes políticos para que nos aproximemos mais realisticamente de uma perspectiva democrática de fato. Nesse contexto, mais do que quaisquer reformas que queiram torná-las emergenciais os nossos representantes no poder, a reforma política é imperiosamente necessária para que tenhamos algo mais próximo da vontade majoritária da população brasileira no processo de escolha dos postulantes aos cargos públicos, os nossos políticos.

Enquanto essa é uma realidade distante (esta citada reforma), enquanto ela não vem de fato, que nossos representantes tenham minimamente a dignidade de discutirem profundamente com a população sempre que quiserem alterar alguma coisa que mexa diretamente com a vida do brasileiro: como a previdência, relações de trabalho, educação, etc. A imposição representacional, sem o devido debate com a sociedade, sobre quaisquer reformas, é mais um símbolo da nossa falta de democracia e desejo minoritário imposto goela abaixo da população. Pois, o que temos até agora está mais perto de um engodo pseudodemocrático do que um cenário onde o poder realmente seja emanado pelo povo.

Algumas fontes para este texto:
https://www.eleicoes2018.com
Créditos da imagem  inicial: Criador: Sérgio Lima



  

Livro de poesia: Na bacia das almas

NA BACIA DAS ALMAS, O SEGUNDO LIVRO DE POESIA DE VERIDIANO MAIA DOS SANTOS, ABORDA POEMAS SOBRE A CIDADE, SUA CONCRETUDE E SEUS SIMBOLISMOS...