sábado, 29 de setembro de 2012

Escritos quase poéticos

Escrevo meus poemas como quem salta pecados
Discorro meus dramas em sorrisos baratos
No momento das apresentações...
O prazer pode ser apenas uma incerteza!

Não há lugar vulgar, com preços módicos
Que eu não goste
Consigo transitar bem
Mas, somente, entre aqueles que desperdiçaram suas chances

Tenho debilidades amorosas
Que me chegam sem notícia de aviso prévio
Sou surpreendido de quando em vez
Pelo perigo do abismo que saltei - mas que está lá:
Chamando-me de vagabundo

Escrevo minhas crenças em linhas amargas
Das descrenças que me encerrei
Salto arranjos e esqueço frases de efeito
A assim, balbuciando frágeis alegrias
Escrevo meus poemas como se fosse um lorde.
Veridiano Maia

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Soneto alegre 

Crepito, irrito, e aflito disparo meu veneno
Amparo a quem embaraça as ilusões
Teço um fio imaginário, turvo, mas sereno

Numa vida que nunca estabeleceu padrões.

Quem desce a si mesmo não se esmaece
Mas, disputa uma guerra sem vencedores
De todos, excêntrico, quase se esquece
E apaga embevecido todos os pudores.

Reflexo de mim, espelho da alma
A angústia, que nunca me foi amiga
Irrita minha solene e altruística calma.

Que em tudo, desola-se trêmula e ferida
E aflita, crepita e espelha o trauma
Que permeia, endógena, a sôfrega vida.
Veridiano Maia
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scarpin de cetim

Dá-me um punhado de sonhos seus
Que os meus se perderam no caminho
Dá-me uma oração talentosa
Pra ver se ainda salvo a minha prosa
Depois que eu fui indo, fui indo...

Dá-me seu sal, seu molho, um sorriso,
Que o meu já não é mais tão preciso
Dá-me uma mecha de qualquer amparo
Um tom correto, vibrante, bem raro!
Antes que eu saia fingindo...

Seja o meu scarpin de cetim
Planta dos pés, amor em mim!
Seja meu par, meu paralelo,
O meu calço seguro, o meu chinelo,
A minha pedra fundamental.

Dá-me uma moda, mesmo retrô,
Dá-me uma escada ou um bangalô
Dá-me a estrada que o retrovisor
Do meu passado quebrou, quebrou!
Que o meu passado quebrou...

Veridiano Maia
 

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